Tuesday, June 29, 2010

Bonita e Breve

O amor é o ridículo da vida, procuramos nele uma pureza impossível, uma pureza que se está sempre a ir embora.
Sorte é aceitar essa vaga idéia de Paraíso que nos persegue, bonita e breve. Como borboletas que só vivem vinte e quatro horas.


Cazuza

Monday, June 28, 2010

Luas

Estou cansada de quem não me sente, de quem me toca abruptamente, de quem me deixa sem me ver, estou cansada do meu mau sentir, do meu mau amigo interior que também me seduz, que me cega a comunhão, estou cansada da solidão em ti, estou cansada do silencio de fel que em nada é nosso. O meu silêncio não é assim, o teu calar não é assim.
Pelo espelho sei porém perceber o que me preenche neste vazio que veio e me voltou e que insisto em chamar-lhe vazio e que também me enche, também me fala, também me ama, também me sabe, também me toca, também me é… que parece um vulcão que vive e morre, que preenche tudo com palavras primeiro, com o corpo depois… com o corpo todo… em empatia cerebral, em memórias conhecidas e caladas e num bem saber de sal e pimenta. O desejo que te cresce sempre que te morre, e que pensas que mataste, e porque não matas? Aquela sombra que enterro todas as manhãs e que renasce noutra noite de fugida... Um não saber, sabendo, que não quero, querendo onde em ti posso ser tudo porque quero e basta-me. Mas não é, não existe. É o que é que não é.

CaLua

Não Descanses

Recomeça....

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
(...)
Miguel Torga

Pureza Teatral

O propósito do teatro é fazer o gesto recuperar o seu sentido, a palavra, o seu tom insubstituível, permitir que o silêncio, como na boa música seja também ouvido, e que o cenário não se limite ao decorativo e nem mesmo à moldura apenas - mas que todos esses elementos, aproximados de sua pureza teatral específica, formem a estrutura indivisível de um drama.

Clarice Lispector

Thursday, June 24, 2010

Lapso da conciência entre Ilusões

Sonho. Não Sei quem Sou
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Tuesday, June 22, 2010

O Que Importa!

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida esta vida que temos; E é nela que é preciso procurar o velho paraíso que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

A Viagem de Miguel Torga

Sunday, June 20, 2010

What's New?



Luas

VÍCIO

Qualquer vício, é um mau hábito ou o único "grito" possível?

É um acto criticável ou um acto desesperado quando tudo antes falhou?
A verdadeira Felicidade tornou-se na Útopia da nossa sociedade e o Homem, incapaz de a encontrar sozinho, usa os mecanismos que essa mesma sociedade criou para manter esta Útopia.
Ter esperança num instante de pura Felicidade é o impulso maior de qualquer vício, mas não dizia Raoul Vaneigem que "a Esperança é a trela da submissão"!?


"Quarto de Lua Crescente
que entra pela tua janela
com a potência de 20 000 cavalos árabes
observa a tua nudez
enquanto confessas a última noite
...de Quarto de Lua Crescente
em que saciaste a tua ânsia
eterna de equilíbrio
utópico equilíbrio
pago com a carne que apodrece
de um corpo sobre pernas"
in múrmurios aos gritos
 
Por Marco Mourão

Notazinha: Gostei muito das tuas palavras Marco, obrigada! Partilho porque é como dizes, a partilha deveria ser o VÍCIO...

Monday, June 14, 2010

Há Coisas...

Há coisas na nossa vida, que quando surgem parecem-nos uma tragédia, mas que depois se vêem a revelar uma clarividência.

Luís M. S. Correia.

Sunday, June 13, 2010

Saio deste caminho e vou para outro....


Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.

Khalil Gibran

Monday, June 07, 2010

COMUNA TEATRO E PESQUISA / DIA 26 DE JUNHO DE 2010


Vícios Anónimos
Comuna Teatro de Pesquisa, dia 26 de Junho, Sábado, às 20:00, na Sala 1.

Elenco: Ana Brilha, Filipa Marques, Patricia Caeiro, Rute Moura, Teresa Macedo e Vera Venancio.
Direcção e Encenação: João Rosa

Sinopse:
Todas elas anónimas, encontram-se à hora marcada. Antes deste instante não se conheciam, viviam no secretismo no seu vício privado, prazer fugaz ou refúgio que lhes adormecesse os sentidos. Seis mulheres com diferentes percursos de vida encontram-se para tentar falar pela primeira vez e ultrapassar os gestos repetitivos com que aos poucos têm destruído as suas vidas e a daqueles que as rodeiam. Procurando a causa da dependência para encontrar o caminho para a cura cada uma delas se expõe por inteiro relatando, entre a compulsão e a culpa, o que as levou até aquele instante. Na mesma sala se juntam assim seis vícios, seis vidas, por entre o álcool, a droga, o sexo, os fármacos, a cleptomania e a solidão, fala-se do impulso irracional, da vontade de romper com a repetição e do que a motivou. Através da sua voz conseguimos entrever o instante do primeiro furto, da disfunção familiar, da agressão psicológica, da violência do abandono e da busca da auto-estima. Cada uma destas histórias vem assim, em tom intimista, mostrar-nos a fragilidade do ser humano e a necessidade do outro.

A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor.
Margaret Mead

Thursday, June 03, 2010

POESIA URBANA


Mulher Vs Pessoa

Eu amo tudo o que foi

Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

 
Fernando Pessoa