Uma pequena Cena.

Jardim Zoológico de Cristal.
" excerto que decorei, peço desculpa por alguma palavra diferente do original, fica aqui só porque me parece interessante. dá que pensar no que será de facto violento, ou não!"

(...)
( é uma sala de estar, com uma mesa, três cadeiras, uma janela. Amanda, Tom e Laura estão em cena. Tom está perto da janela a abrir os cortinados, Laura e Amanda estão sentadas. O acto de comer é indicado por gestos. Luz suave.)

Amanda- Tom!
Tom- Sim, mãe?
Amanda- Não podemos dar graças, sem vires para a mesa!
Tom- Vou já. ( dirige-se para a mesa e senta-se)

NOSSA SENHORA CHEIA DE GRAÇA...AMÉN!

Amanda (para o filho) - Não mexas na comida com os dedos! Se queres mexer na comida com alguma coisa usa uma côdea de pão. Mastiga, filho! Mastiga. Os animais têm secreções no estômago que lhes permite digerir a comida sem a mastigar, mas os Seres Humanos não! Tens de mastigar antes de engolir! Devagar, come devagar, filho! Uma refeição tão bem cozinhada, com sabores tão delicados, deve ser mantida na boca para se sentir o seu sabor! Dá uma oportunidade às tuas glândulas salivares.

Tom- Ainda não consegui apreciar uma garfada do jantar, a mãe é que me obriga a comer depressa, parece um falcão, a olhar para cada pedaço de comida que engulo. É um nojo essa conversa dos animais e das glândulas salivares! Tira-me o apetite!
( Tom levanta-se e dirige-se para junto da janela, Amanda também se levanta)

Amanda- Temperamental como uma primadona! Ninguém te autorizou a levantares-te da mesa.
Tom- Vou fumar um cigarro.
Amanda- Fumas demais.
(Laura levanta-se)
Laura- Vou buscar a sobremesa.
Amanda- Não, nada disso! Hoje fazes tu de senhora e eu de pretinha.
Laura- Mas eu já estou de pé...
Amanda- Retoma o teu lugar...quero que continues bela e fresca para receberes os teus pretendentes!
Laura- Não estou à espera de nenhum pretendente.
(Amanda levanta-se da mesa).
(...)

Vocação.

Aprendi que a Vocação de uma pessoa não é um bicho que está perdido, nem é um milagre que se deseja.
Descobri que o Talento está intimamente ligado à Fascinação que uma pessoa Sente perante aquilo que faz.
Aprendi que o nosso Dom é orgânico e quando estamos a fazer alguma coisa que nos emociona, que nos fascina, fazemo-lo de uma forma libertadora.
O trabalho de uma pessoa... o emprego de uma pessoa... geralmente é um calvário, não é orgânico... não é fácil, mas é pago.
É tão simples de entender mas tão impraticável para todos nós, trabalhar fascinados!
Não por falta de coragem, ou vontade, e sim por falta de espaço.
Adoráva acreditar que todos os pedreiros, varredores de lixo, empregadas domésticas, etc. se sentem fascinados.