Tuesday, February 03, 2009

LISTEN TO ME II PPLX- REPOSIÇÃO


LISTEN TO ME II / AUDITÓRIO CARLOS PAREDES / BENFICA
DIAS 18 19 20 E 21

Pequeno Palco de Lisboa
Peça encenada por Rui Luí Brás, Promessa de fazer Rir a.... Pensar! Com música de Pedro Bargado!

Sunday, February 01, 2009

Porque Acho que é Importante: Capítulo III_ Stanislaski

A Construção da Personagem

Constantin Stanislaski

Capítulo III Personagens e Tipos

I
(...) Há actores (...) que não sentem necessidade de preparar caracterizações ou de se transformarem noutros personagens, porque adaptam todos os papéis a seu encanto pessoal. Edificam o seu êxito exclusivamente sobre essa qualidade. Sem ela ficam desamparados do que Sansão depois que lhe tosquiaram as madeixas. "Há uma grande diferença entre procurar e escolher em nós mesmos emoções que se relacionem com um papel e alterar esse papel para que sirva aos nossos recursos mais fáceis. "Qualquer coisa que se possa interpor entre a sua própria individualidade humana, inata, e o público, parece alarmar tais actores. "Se a sua beleza física afecta os espectadores, eles exibem-na com alarde. Se o encanto está em seus olhos, seu rosto, sua voz, seus maneirismos, eles dirigem-nos como um foco de luz sobre a platéia, como fez voçê, Sônia. "Para que nos transformarmos noutra personagem quando ela nos torna menos atraentes do que na vida real? O caso é que voçê de facto gosta mais de voçê no papel do que do papel em voçê. Isso é um erro. Voçê tem capacidades. É capaz de mostrar não só voçê mesma, como também um papel criado por por voçê.
"Há muitos actores que crêem e confiam no próprio encanto e é isso que mostram ao público. Por exemplo, Dacha e Nicolau. Eles pensam que o encanto está na profundidade dos seus sentimentos e na intensidade nervosa com que os experimentam. E nessa base interpretam cada papel, aprimorando-o com os seus próprios atributos naturais mais fortes.
"Enquanto que voçê, Sônia, está apaixonada pelos seus próprios atributos externos, os outros, os outros dois não são indiferentes às qualidades interiores que têm...mas apenas isso?
(...)"Há entretanto, actores de outro tipo. Não presisam olhar à volta. Ainda não tiveram tempo de se transformar nesse tipo. Esses actores prendem o público com os seus modos originais, sua variedade especial e finalmente elaborada em clichês histriônicos sem autenticidade. Seu único objectivo é pisarem o palco e exibi-los aos espectadores. Por que iriam ter o trabalho de se transformar noutras personagens quando isso não lhes daria a oportunidade de mostrar o seu forte?
"Uma terceira categoria são os actores falsos, são os bons em técnica e clichés mas que não desenvolveram por si mesmos, contentaram-se em tirá-los de outros actores de outras épocas e países. Essas caracterizações baseiam-se num ritual convenssionalismo. Eles sabem como cada papel de um repertório mundial deve ser feito. Para eles, os papéis já estão permanentemente recortados segundo um cliché aceite.
(...)o ser humano que voçê é, é muito mais interessante e talentoso que o actor. Deixe-nos vê-lo, porque o actor Govórkov é uma pessoa que já vimos em todos os teatros.
(...)