Monday, March 02, 2009

Olhei Para a Realidade Com Grande Surpresa Tua...

Preciso estar atenta.
Parece querer falar de novo, já se endireitou na cadeira e fixou os olhos na parede da frente, um dos medos afinal tem razão de ser, agora quer falar a teu respeito...
Sem quase dar por isso falava em medos.
Afinal tão parecidos com os meus.
Imaginava.
Não fui capaz de falar, o pensamento fugia-me noutra direcção... que já estava tudo decidido dentro de ti... qual ilusão essa da decisão... errática e bem feita que ela é!
Nesse dia caminhaste sem pressa ao longo do mar, apanhavas conchas e pedras para logo as deitar fora, a certa altura estavas a olhar as gaivotas, depois deixei de te ver.
O nevoeiro tinha chegado, e a custo voltei a distinguir-te ao longe. Com cuidado atravessavas as rochas cobertas até ao fim... da praia.
Com a neblina à volta não vias nada e podes ter a certeza que te amei... inteiro... só mais tarde a minha cabeça se distanciou.
Tiveste uma reacção demasiado calma. E hoje foi no meu corpo que morreste. Já não temos ocasião para a conversa que ambicionaste ou pelo contrário, talvez tenhamos todo o tempo da vida à nossa frente. Podes não dizer tudo o que queres ouvir. Porque nem sabes o que tinhas ludibriado em enganos e pouca atenção.
Decerto esperavas um comentário, mas não suporto a cobardia.
Em letra de imprensa olhei para a realidade com grande surpresa tua e isso magoou-me.
A liberdade não pode identificar-se com a bondade, a verdade ou a perfeição, é por natureza autónoma. Qualquer identificação ou confusão de liberdade com bondade e perfeição implica a negação da liberdade e o fortalecimento dos métodos de compulsão... a própria liberdade é semelhante ao paradoxo... quem não abdica da liberdade vive muito... muito preso.
 
Nota: Foto By Clark Little

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