Thursday, May 06, 2010

Antes da Palavra

Talvez seja tristeza
que me sentes nas mãos,

a boca apetecida de silêncio
quando o sol se ergue entre nós
à distância do esquecimento.

O meu riso mascara
o que existe por detrás do olhar,
a quietude da espera,
a nostalgia de ser só antes da palavra.


Existem palavras que não devem ser ditas.
Existem frases que não devem ser repetidas.

Dizê-las é dar-lhes a existência
das coisas que morrem,
que podem morrer.

Talvez seja amor
o que me tomas das mãos,
quietamente como um ribeiro

que salta sobre as pedras,
feito de silêncio e resignação.

O Ribeiro
Poesia de Ana Brilha

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